Introdução |
Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR, iniciado em 2004, constitui-se como um grupo de trabalho que pretende desenvolver o estudo do homicídio e tentativa de homicídio por violência de género e conhecer o seguimento dos casos em consequência da violência contra as mulheres ou violência de género. Desocultar esta realidade até há pouco silenciosa, valorizar as mulheres vítimas desta violência extrema e propor medidas que auxiliem na prevenção deste crime são os principais objectivos deste Observatório. Mais ainda, assente numa dinâmica de pesquisa que articula metodologias quantitativas e qualitativas, este grupo de trabalho pretende também contribuir para o conhecimento e compreensão do fenómeno com vista a encontrar caminhos para a eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres. Consciencializando para o carácter patriarcal e sexista desta violência, Observatório das Mulheres Assassinadas da UMAR tem também em conta o cruzamento com outras variáveis, como a classe social, a etnia, a orientação sexual, a idade, para um aprofundamento das causas e consequências deste grave problema social. Neste sentido, pretende-se ainda articular estes resultados para a compreensão dos níveis mais baixos, mais insidiosos da desigualdade de género, como são a misoginia e o femicídio. Femicídio, um conceito inicialmente apresentado por Diana Russell (1976), pode dar conta do crime de homicídio em que as mulheres são assassinadas por serem mulheres, numa sociedade patriarcal que, apesar de toda a evolução a que temos assistido, assenta na desvalorização da mulher como pessoa e como cidadã, cruzando esta desigualdade na estrutura de desigualdade e opressão capitalista, homofóbica, racista e capacitista. O grupo de trabalho da UMAR que leva a cabo esta tarefa consiste num conjunto de voluntárias/os, integrando investigadoras/es, juristas, psicólogas, educólogas e docentes. Uma das suas metas consiste em apresentar os resultados desta pesquisa de forma regular. |