TODAS/OS À RUA NO DIA 8 DE MARÇO
A UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta apela às mulheres e a todas as pessoas para que no dia 7 de março, dia de luto nacional pelas mulheres assassinadas, vistam uma peça de roupa preta. Trata-se de um ato simbólico de sensibilização da sociedade portuguesa para o flagelo da violência contra as mulheres, que tem de ser seguido de uma grande maré feminista que encha as ruas no dia 8 de março.
Consideramos que o 7 de março também deve servir para lembrar e defender as mulheres que ainda estão vivas, que continuam a sofrer situações de violência nas relações de intimidade e que necessitam que o sistema funcione quer em termos de não arquivamento das suas denúncias quer de medidas de proteção e de condenação efetiva dos agressores.
É preciso acabar com a ideologia de culpabilização das vítimas e de desculpabilização dos agressores tão assumida por grande parte do sistema judicial. Há que acabar com os mitos de que os agressores são "boas pessoas, que até pedem desculpa", que "as mulheres apresentam falsas declarações", que "se a mulher é independente economicamente já devia ter saído do ciclo da violência", mitos estes assentes na menorização das mulheres e na desvalorização dos seus saberes e experiências. Chega de pensar que os "encontros restaurativos" resolvem os problemas da violência.
No Manifesto que a UMAR elaborou para o 8 de março afirmamos: QUEREMOS viver sem violência e acabar com os assassinatos de mulheres – femícidios. QUEREMOS ter uma Justiça não sexista e misógina que pare de atuar constantemente na base da defesa e desculpabilização dos agressores e de culpabilização das mulheres. Juntaremos as nossas forças contra a misoginia e o sexismo, e, apesar das ameaças e insultos habituais, continuaremos a fazer ouvir as nossas vozes contra as injustiças perpetradas contra as mulheres e homens que são ativas/os na luta por um mundo mais justo e solidário. A ideia de um "workshop de maquilhagem", repetição dos estereótipos de género que já vimos assistindo há vários anos, pode ser visto, neste contexto atual, como uma ofensa às mulheres que sofrem violência e que, muitas vezes, tentam disfarçar as nódoas negras e ferimentos quando saem à rua. A nossa luta é por todos os direitos para todas as pessoas, em todas as dimensões da vida. A UMAR reforça o apelo para as manifestações de fim de tarde em várias cidades do país numa demonstração de que temos mil e uma razões para lutar contra as discriminações, que são múltiplas e que afetam os nossos quotidianos de uma forma muito dura. Estaremos no 8 de Março em solidariedade com a greve feminista internacional.
Lisboa, 4 de março de 2019
A direção da UMAR
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